NYT: “nuvem” é chance para Microsoft ir além do desktop

Publicado: 19 de outubro de 2009 em Negócios & TI

Ashlee Vance

Ray Ozzie, arquiteto-chefe de software da Microsoft, se irrita quando lhe perguntam se as pessoas acham excitantes as novas versões dos principais softwares de sua companhia – como o Windows e o Office. “É tremendamente excitante”, ele exclama defensivamente, se virando em sua mesa de escritório e sacudindo as mãos. “Você está de brincadeira?”

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Normalmente quieto e cerebral, Ozzie ocupa um escritório espaçoso na matriz da Microsoft, que parece uma mistura de showroom da Ikea e museu de computadores. Suas prateleiras e mesas estão arrumadas e um dos primeiros computadores pessoais fabricados pela IBM fica centralizado como um artefato sobre uma longa estante atarracada.

Quem dera o mundo – ou pelo menos o mundo dos negócios – fosse tão imaculado e primorosamente organizado. Mas Ozzie e seus colegas da Microsoft reconhecem, claro, que muito pouco no universo da tecnologia permanece imutável. “Como é mesmo a fala daquele filme velho Noivo neurótico, Noiva Nervosa? Relacionamentos são como tubarões; ou eles avançam ou morrem”, disse Steve Ballmer, chefe-executivo da Microsoft. “Bom, as companhias de tecnologia também ou avançam ou morrem. Elas se tornam menos relevantes.”

E segundo Ozzie, entramos em uma era que é muito diferente daquela do PC guardado em seu altar como uma relíquia bege e quadrada. Os consumidores e trabalhadores foram agarrados, ele diz, por uma “revolução dos aparelhos descolados.”

Mas essas engenhocas são apenas metade da batalha da Microsoft. É verdade, as garotas ficam obcecadas com um novo laptop que possa caber em suas bolsas e com qual será seu estilo. Os viajantes corporativos, enquanto isso, emanam orgulho quando sacam computadores ultrafinos com acabamentos exóticos de sua pasta. Contudo, os aparelhos mais desejados hoje em dia são aqueles que também permitem que os viciados em informação se desprendam do desktop e se comuniquem através da chamada “nuvem computacional” enquanto transitam por aí.

Com a chegada esta semana do Windows 7 e dos computadores modernos que o complementam, a Microsoft pretende dar um fim às propagandas da Apple que taxam como chatos os PCs e seus usuários. Ozzie, que tem um papel de visionário e estrategista na Microsoft, diz que o Windows 7 permitirá que os PCs acompanhem o ritmo de outros aparelhos de computação e, em resumo, finalmente os tornará atraentes.

Disputando um espaço da nuvem computacional, a Microsoft planeja lançar no próximo mês uma plataforma de software, o Windows Azure, que procura seduzir empresas com serviços online. Embora esteja chegando atrasada à computação em nuvem e seja uma participante sem brilho do mercado móvel, a Microsoft, diz Ozzie, tem uma chance de se reinventar e ir além do desktop.

“Isso nos dá a oportunidade de renovar nosso valor como uma vendedora de softwares”, ele diz. “Acho simplesmente que estamos num momento excitante para a Microsoft.” Por muitos anos, a Microsoft e seus líderes puderam fazer declarações arrebatadoras como essa com pouca resistência do público. A Microsoft incorporava a indústria da tecnologia e era uma grande árbitra das ferramentas que as pessoas usavam para conduzir negócios e navegar pela era digital.

Hoje em dia, no entanto, a Microsoft tem legiões de céticos. Embora ainda domine uma posição lucrativa e eminente da computação, especialistas de marcas dizem que os consumidores hesitam ao tentarem descrever o que a companhia representa e se ela pode criar um futuro tecnológico mais grandioso.

“A Microsoft meio que desapareceu de cena”, diz Regis McKenna, especialista de marketing e estratégia do Vale do Silício. “De tempos em tempos, eles lançam uma versão tardia do Windows ou algo do tipo. De modo geral, acho que o mercado está focado no que a Google e a Apple estão fazendo.”

Críticos da Microsoft dizem que ela subestimou imensamente as mudanças do mercado e se colocou em um curso longo e tortuoso em direção à irrelevância. A empresa continua presa demais às suas velhas franquias de desktop, eles dizem – lentas demais, previsíveis demais e, bem, Microsoft demais.

“Eles estão presos à sua própria psicose de que o mundo deve girar em torno do Windows no PC”, diz Marc Benioff, CEO do Salesforce.com, que compete com a Microsoft no mercado de softwares corporativos. “Até eles pararem de fazer isso, vão continuar levando a companhia para a sarjeta.”

Embora Ozzie saúde a revolução dos aparelhos descolados, a maior parte do que isso parece acarretar vai contra os pontos fortes históricos da Microsoft. A revolução vai muito além de um fascínio pelo apelo estético de um aparelho de computador; ela também marca uma transição na qual o consumidor, não o funcionário de escritório, é a força dominante que molda a paisagem tecnológica.

Consumidores hoje compram mais PCs do que empresas, e suas demandas e desejos por aparelhos mais atraentes invadiram os cubículos de escritório. A linhagem atual de consumidores mostrou uma capacidade de transformar algo como o iPhone da Apple em uma sensação do dia para a noite, exigindo que as companhias abraçassem o aparelho.

O Google, enquanto isso, usa sua influente ferramenta de busca online e propriedades do YouTube para apresentar às pessoas seus softwares de e-mail, documentos, planilhas e calendário, e o Facebook fornece inspiração para fabricantes de softwares corporativos.

Para a Google, ganhar consumidores é vital para sua estratégia de se infiltrar em corporações e reduzir o negócio central da Microsoft. “Somos a próxima geração”, diz Dave Girouard, presidente da divisão de produtos corporativos da Google. “A grande diferença em tecnologia aqui é o ritmo da inovação.”

Embora a internet e os aparelhos conectados em rede não sejam novidade, a capacidade de obter dados da web estando em qualquer lugar – a chamada computação em nuvem – começou a se popularizar entre consumidores e empresas de uma maneira mais significativa. À medida que esses serviços se tornam mais populares, o domínio da Microsoft sobre a computação se afrouxa, dizem seus críticos.

“Eles não são mais a companhia que já foram em termos de posição de mercado”, diz Bruce R. Chizen, ex-funcionário da Microsoft e ex-CEO da Adobe Systems, fabricante de softwares de edição. “Eles não detêm mais o monopólio do que é crucial para o futuro da computação.” Ballmer, Ozzie e outros na Microsoft veem as coisas de maneira bem diferente e durante o último ano argumentaram que os próximos lançamentos de softwares para PCs, centros de dados, aparelhos móveis e consoles de jogos irão confirmar exatamente como a Microsoft continuará sendo uma força central da paisagem tecnológica.

Ballmer afirma que a Microsoft é a única companhia preparada e posicionada para se fundir à computação a partir de suas duas pontas – o desktop e a nuvem. “Estamos investindo mais amplamente do que qualquer outra empresa”, ele diz, acrescentando que, quando se trata de software, “quero que inventemos tudo que seja importante no planeta.”

Especialistas e investidores estão prontos para julgar se Ballmer ficará à altura dessas afirmações e, no final, sua gestão poderá ser avaliada com base em quão bem sua empresa flutuar sobre a nuvem. Como quase todas as companhias no setor de PCs, a Microsoft foi atingida por uma queda histórica na venda de computadores durante a recessão.

Ao longo do ano passado, a companhia foi abatida por uma série de momentos inéditos. Em janeiro, ela começou um processo de demissão de cinco mil pessoas – seu primeiro grande corte de pessoal. Isso sucedeu suas primeiras quedas de vendas do Windows e precedeu sua primeira queda anual de receita.

Apesar desses empecilhos, a Microsoft continua gerando lucros que causam inveja à indústria tecnológica. Em julho, a companhia encerrou seu ano fiscal com uma queda de receita de 3%, ficando em US$ 58,4 bilhões, mas ainda assim garantindo um lucro de US$ 14,6 bilhões. A Microsoft tem um fundo reserva de US$ 31,45 bilhões, incluindo dinheiro e investimentos de curto prazo, e suas ações se recuperaram de uma baixa de US$ 14,87 em março – seu preço mais baixo em mais de 10 anos – e são vendidas hoje a US$ 26,50.

Os executivos da Microsoft dizem que empresa colocou a casa em ordem, pondo um fim a produtos pesados e tardios como o primeiramente desdenhado e depois ignorado Windows Vista. Se uma recuperação econômica ampla ocorrer, a sorte da Microsoft aumentará como sempre aconteceu em tempos mais prósperos.

“Acredito de fato que a Microsoft consiga se beneficiar dramaticamente com a retomada da economia”, disse Marilyn J. Dicks-Riley, chefe-executivo do Lynmar Capital Group, que comprou mais de 800 mil ações da Microsoft no início deste ano. “Somos da opinião que a Microsoft está comprometida com a inovação de longo prazo.”

A Microsoft tem, na verdade, uma gama fascinante de apostas de longo prazo. A companhia reservou quase US$ 10 bilhões para gastos com pesquisa e desenvolvimento ao longo do próximo ano. Esses fundos envolvem o trabalho em softwares para desktop e centro de dados, ferramentas de desenvolvimento, sistemas de assistência médica, consoles e jogos de videogame, tocadores de música, telefones e softwares telefônicos, propriedades da web e produtos corporativos de colaboração. Na busca online, a Microsoft revelou uma bem-recebida ferramenta chamada Bing e prometeu gastar o que for preciso para avançar significativamente no principal negócio da Google.

Alguns investidores afirmam que a Microsoft está colocando dedos em muitas tortas, desenvolvendo produtos demais. A empresa está lutando para agradar ao mesmo tempo consumidores e clientes corporativos.

Apesar de sua caçada pela próxima novidade em tantas áreas, a Microsoft muitas vezes se encontra no papel de seguidora, tentando comprar sua entrada em mercados que outras companhias dominam. “Essa costumava ser a companhia para a qual todos olhavam em busca de inovação e entusiasmo”, disse James R. Gregory, chefe-executivo da CoreBrand, uma consultoria de marcas. “Ela perdeu essa inovação de uma maneira bem convincente.”

Segundo um novo estudo da CoreBrand, a reputação da Microsoft e a percepção de sua gestão e potencial de investimento decaiu ao longo de uma década, com uma aceleração desse declínio nos últimos cinco anos.

Ballmer admite que alguns dos acionistas da Microsoft discordam da insistência longa e custosa em negócios como tocadores de música e ferramentas de busca online. Mesmo assim, ele permanece comprometido com um curso de ação amplo. “Acho que muitas empresas em nosso negócio desistem das coisas muito rápido, na minha opinião”, ele disse.

Mas para a Microsoft, fazer apenas o básico tem sido problemático. A empresa lançou o sistema operacional Windows Vista em 2007, que foi amplamente ridicularizado. O software chegou com anos de atraso e havia perdido muitos de seus planejados atributos inovadores.

O trunfo de vendas primário da Microsoft em relação a uma especialista estreita como a Apple tem sido há tempos o fato de oferecer opções e agradar às massas. E, no entanto, a Microsoft não conseguiu fazer com que o Vista funcionasse bem com o hardware e o software de seus parceiros.

“Estávamos tentando fazer muitas mudanças de um modo rápido demais”, Ballmer diz. “Assim, para mim a questão não foi que não sabíamos fazer hardwares e softwares trabalharem juntos ou algo do tipo. A questão foi que tentamos fazer coisas demais.”

A Microsoft enfrenta dificuldades no mercado de telefones portáteis. Por muitos anos, a companhia vendeu softwares para uma ampla gama de telefones, mas Ballmer tem se decepcionado com sua divisão móvel, particularmente quando aparelhos como o iPhone surpreendem a companhia.

Embora a Microsoft tenha tentado impulsionar seu negócio de telefonia por meio de aquisições e desenvolvimento interno, ela ainda está a meses de anunciar os frutos de um projeto, com o codinome Pink, para revitalizar sua tecnologia de telefonia. E antigos funcionários da empresas afirmam que o Pink, como tantos esforços da Microsoft, está sendo atrasado por burocracia e concessões.

Ainda pior, os principais executivos da Microsoft se preocuparam recentemente com a repercussão negativa entre os consumidores de uma perda, causada pela companhia, de dados pessoais ligados aos serviços de telefonia da T-Mobile USA – especialmente com qualquer receio que o incidente tenha levantado sobre seu telefone móvel, nuvem computacional e questões de segurança.

Mas a Microsoft pode apontar para lugares em que suas grandes apostas valeram a pena. O Bing tem uma nova abordagem de busca, dando aos consumidores uma interface mais lustrosa e, muitas vezes, resultados mais detalhados do que os encontrados com o Google. E o console de jogos Xbox e o serviço Xbox Live colocam a Microsoft na dianteira dos jogos online. No ano que vem, a Microsoft deverá lançar o Project Natal, um sistema de computador que permite que as pessoas usem seus corpos ao invés de controles para jogar.

A Microsoft diz que a nuvem computacional age como um complemento natural aos seus produtos tradicionais de software, e a companhia frequentemente fala sobre a estratégia de “três telas e uma nuvem” – que envolve computadores, telefones e TVs, todos conectados aos mesmos serviços.

“Diria que existe uma mudança clara na plataforma fundamental da computação”, Ballmer disse. “A nuvem agora não é apenas a internet; ela é realmente um recurso fundamental da computação que está sendo pensado e enxergado de uma maneira diferente.”

Mas a nuvem apresenta à Microsoft uma série de desafios ao seu modelo confiável de vendas de softwares para desktops e servidores, que gera taxas de licença lucrativas. Rivais em ritmo acelerado como Salesforce, Amazon e Google esperam reduzir seus preços enquanto acrescentam atributos de software a cada poucas semanas ou meses, ao invés de anos, como a Microsoft tem feito. Os executivos da Microsoft reconhecem que a companhia talvez tenha protelado, lambendo suas feridas e tentando descobrir como se comportar sob o escrutínio de anos de batalhas judiciais de antitruste.

“Passamos a ser uma companhia madura, mas talvez boazinha demais em alguns aspectos, e não se movendo rápido o bastante em algumas coisas”, disse Bob Muglia, funcionário da Microsoft há 20 anos e presidente de seu negócio de softwares de servidores. Os rivais agora simplesmente desprezam a Microsoft como sendo uma retardatária ao invés de criticá-la como o Império do Mal dos anos 1990. Em seu lugar está a Google, que agora tem o manto da Microsoft de monstro tecnológico que dá as cartas do jogo e que também é cada vez mais vista como uma concorrente dominante, cujo poder levanta preocupações.

A ascensão da Google colocou a Microsoft, pelo menos parcialmente, no papel de cavaleiro branco que lhe é pouco familiar. “Até recentemente, a Microsoft era o único império”, diz Nicholas G. Carr, autor que narrou a ascensão da computação em nuvem. “Agora, acho que existem impérios da internet tanto quanto do PC, e eles estão colidindo.”

Em um esforço para continuar a refazer sua imagem, a Microsoft está atraindo jovens desenvolvedores e startups de computação em nuvem. Os executivos da companhia reconhecem que perderam contato com esses públicos cruciais, à medida que o software de fonte aberta foi se transformando no padrão para pessoas que buscam criar a próxima onda de aplicativos e serviços.

Hoje em dia, a Microsoft cede o negócio de softwares a estudantes e deixa que algumas startups usem seu software gratuitamente. “Eles ficaram com medo”, disse Bryan Trussel, ex-executivo da Microsoft e agora presidente da Glympse, uma startup de softwares móveis. “Acho que agora eles entenderam, mas a questão é quão atrasados eles estão.”

Os executivos da Microsoft atacam livremente os aplicativos online para escritório da Google e o seu sistema operacional planejado, o Chrome OS. Eles também lembram para quem quiser escutar que ainda estamos no início da era da computação em nuvem e que coisas como os serviços de centro de dados online da Amazon são meramente curiosidades atraentes.

Segundo Ballmer, o público tem a tendência de se entusiasmar com o sucesso de um aparelho como o iPhone ou o serviço de busca da Google e subestimar as complexidades que provêm da tentativa de conectar consumidores e clientes corporativos no mundo de hoje. Existe a noção, ele diz, de que “quem é forte na única coisa que funciona na nuvem deveria, por tabela, controlar a nuvem. Ou quem controla um aparelho deveria controlar todos. Nada disso funciona assim tão bem.”

A Microsoft tem décadas de experiência na criação de softwares, atraindo desenvolvedores e interagindo com empresas em uma escala que seus concorrentes ainda não vivenciaram. Seus investimentos em softwares para televisões, telefones e computadores ultrapassam o de todos os seus rivais. E a empresa pretende aplicar esses pontos fortes em uma gama de softwares e serviços.

Por sua vez, a Google diz que possui dois milhões de empresas que usam seus aplicativos online hoje e que esse negócio produz “algumas centenas de milhões de dólares em receita” por ano e gera lucro. A Amazon, enquanto isso, tem consumidores como Pfizer e Nasdaq utilizando seus serviços de centro de dados, ao passo que o serviço concorrente da Microsoft ainda está a semanas de ser lançado.

“Acho que a Microsoft está se movimentando muito lentamente enquanto transfere pelo menos parte de seu negócio para a nuvem”, Carr disse. “Isso parcialmente se deve à sua cultura corporativa, mas acho que a maior parte se deve à tentativa de proteger negócios muito lucrativos com altas margens de lucro.”

Os investidores da Microsoft começaram a impor prazos para a companhia, esperando que seu software tradicional tenha sucesso e pague por uma visão mais grandiosa que precisa se materializar o mais rápido possível. “Estou disposto a dar à gestão atual mais 15 meses,” diz Dicks-Riley da firma de investimento. Mesmo os críticos mais ferozes da Microsoft consideram a companhia em si durável. “Eles não vão desaparecer enquanto existirem PCs”, Benioff afirma. “Mas eles também não estão proporcionando o futuro da nossa indústria.”

Os executivos da Microsoft falam de maneira muito mais pragmática. Laptops modernos, serviços em nuvem e celulares sofisticados, todos beneficiam o ponto forte da empresa de fabricar softwares que centenas de milhões de pessoas podem usar. As tendências vêm e vão, mas o alcance da Microsoft e a capacidade de atuar em uma escala grandiosa permanecem constantes.

“Nunca podemos nos tornar complacentes, porque assim que a transformação dos serviços atinge um ponto, a próxima transformação aparece”, Ozzie disse. “É assim que nossa companhia funciona.”

Tradução: Amy Traduções

The New York Times

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